Enquanto o dólar segue aquecido, os resorts de inverno da América do Sul começam a flertar com o frio e a neve em peso. Ou melhor, em pesos! As estações de esqui dos Andes, as mais próximas do Brasil, nunca tiveram preços tão distantes dos praticados nas Montanhas Rochosas americanas e nos Alpes europeus. Com destinos para todos os perfis – desde quem só quer ver neve e passear até aqueles que pretendem dar seus primeiros passos no esqui ou rasgar os picos nevados para senti-los em sua plenitude –, a cordilheira sul-americana não deve nada às do Hemisfério Norte em beleza, adrenalina e badalação. Esquiar é fascinante! A seguir, conheça um pouco das 8 estações mais queridas dos brasileiros que apreciam o lifestyle da montanha, se sentem em casa dentro de uma puffy jacket e não veem a hora dos lifts serem ligados.
ARGENTINA
Bariloche
Brasiloche para os íntimos, nossa estação favorita na América do Sul descortina um cenário privilegiado, entre as montanhas e o Lago Nahuel Huapi, paisagem que a cidade enche de charme com restaurantes, chocolaterias, cervejarias e lojas transadas. Não à toa, seu après-ski (termo francês universalizado como a happy hour da montanha) é um dos mais badalados da Cordilheira dos Andes, embora atividades como tubing (divertido passatempo no qual se desliza com boias na neve) e os circuitos de esquibunda também garantam diversão para quem só quer zoar na neve. A montanha, aliás, fica a 20 km do centrinho e não seduz os esquiadores avançados, que precisam desviar dos numerosos neófitos do Cerro Catedral.
Chapelco (San Martín de Los Andes)
Dotada de boa infra de restaurantes, cafés e boutiques, San Martín de Los Andes ganha um charme extra nos casebres alpinos que adornam sua paisagem. Tamanha graça pode ter sido inspirada em seu centro de esqui, Chapelco, cercado de bosques de lengas (uma árvore típica) com os galhos enfeitados pela neve. Paradores de montanha com wi-fi, sistema de ski pass automatizado e um novo lift quádruplo de alta velocidade começaram a modernizar a experiência dos esquiadores. Para quem está começando, as longas pistas beginners desobrigam os praticantes a ter de pegar os lifts a todo momento, um processo nem tão simples assim se você ainda está se habituando com as pesadas botas e duas tábuas da altura do seu ombro nos pés. Se preferir ver a neve de outro ângulo, os passeios de trenó, as caminhadas com snowshoes e os tours de snowmobile são diversão à beça.
Las Leñas
Isolada entre as montanhas, a estação é aclamada pelos esquiadores experts, que se refestelam nas áreas não demarcadas com neve virgem e nenhum trajeto predeterminado – as famosas off-piste, ou fora de pista. A iluminação noturna de algumas descidas dentro do resort dá a dimensão do quanto os seus frequentadores são adeptos do esporte, o que não impediu Las Leñas de desenvolver um après-ski agitado, com restaurantes e um centrinho comercial. Consequência da altitude elevada e do tempo seco da montanha, a neve “powder”, fina e leve, favorece também os aprendizes, que encontram ainda um bom staff de instrutores e uma pista quase plana de 1 km para evoluir nas técnicas. Fora dela, um parque com tubing, trenós e tirolesa diverte as crianças e os adultos sem maiores compromissos com a neve powder.
Villa La Angostura
Próxima a Bariloche no perímetro do Lago Nahuel Huapi, Villa La Angostura e sua montanha Cerro Bayo se posicionam com um perfil bem diferente da vizinha famosa, autodenominando-se uma “estação boutique”. Em 2013, a instalação de uma gôndola até o topo do cerro dobrou a área esquiável, criando a perspectiva de que a quase inexistência de filas deverá permanecer por muitos anos. Nesta temporada, a infra que já atende bem os esquiadores experientes ou iniciantes, ganhará um parque de snowboard para freestyle. Palco de uma prestigiada competição de snow polo e da semana Chef en Altura, que reúne renomados mestre-cucas argentinos, a pequena cidade ainda diverte os visitantes com circuitos de snowtubing e caminhadas com snowshoes.
CHILE
Corralco
A mais novata das estações sul-americanas, surgida há uma década dentro da Reserva Nacional Malalcahuello-Nalcas, começou a ganhar destaque só depois da abertura de sua primeira hospedagem. E é justamente em torno do Valle Corralco Hotel que o resort de esqui orbita. Neste ano, as novidades ultrapassaram os limites da estalagem com um snow park, utilizado pelos feras do freestyle, um tubing e o aperfeiçoamentos das pistas, que lambem as encostas do Vulcão Lonquimay. A infra compacta não deixa muitas opções de après-ski, e, talvez por isso, a estação se esmera em atender bem quem não sabe esquiar, dedicando aos iniciantes 31% de suas descidas.
Portillo
A combinação de montanhas nevadas com a Laguna del Inca compõe uma das mais lindas paisagens da cordilheira, e é de natureza que se trata a estação, já que não há sequer um centrinho com lojas, bares e restaurantes. Considerada a precursora dos resorts de esqui na América do Sul, a estância criada em 1949 não está entre as mais baratas dos Andes, mas devolve o investimento com neve e pistas de qualidade e uma escola de nível internacional.
Termas de Chillán
Afastada de Santiago, a estação beneficia-se das encostas do Vulcão Chillán, que demarcam suas pistas, e também da atividade vulcânica, responsável pelas águas termais que abastecem as piscinas aquecidas e o spa do Gran Hotel. No cenário, as descidas cortam bosques pertinho das árvores como em poucas montanhas de esqui da América do Sul, um deleite visual para a moçada das tabuinhas e do snow. A ampla área esquiável conta com um dos tracks mais longos do continente, com 13 km, e há bons programas de aprendizado para quem ainda está nas superfícies planas. Passeios de snowmobile ou de trenó puxado por cães, lanchonetes e um mercadinho, além das termas, são as distrações fora do esporte.
Valle Nevado
A pouco mais de 1 hora de Santiago, o resort é destino incidental de muitos brasileiros que nunca viram neve na vida. Mas o cenário coalhado de montanhas, o bom centro de esqui e a variedade de restaurantes, bares e lojas dão fôlego extra para esticar a estadia nos 2860 metros de altitude. Hot tubs, piscina aquecida ao ar livre, caminhadas com raquete na neve, passeios de trenó e um pequeno shopping distraem os visitantes fora das pistas, mas quem está dentro delas aproveita ainda mais. Integrada com as estações vizinhas de El Colorado e La Parva, Valle Nevado multiplica as possibilidades de descida. Instrutores fluentes em português, gôndolas fechadas com wi-fi e uma boa quantidade de máquinas para fabricar neve quando o tempo não colabora têm reflexos positivos na experiência de esquiadores iniciantes e avançados.